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Ex-presidente estadual do partido Podemos, o senador Styvenson Valentim, que neste sábado (1º) deixou a legenda e assinou sua filiação ao PSDB, admite disposição em disputar o governo, defende a unidade da oposição, mas diz que apoiará qualquer candidato que saia desse grupo político. O candidato, segundo Valentim, deve ser aquele que “tenha coragem, inteligência, capacidade e até essa maleabilidade política que ainda não tenho. Estou ainda em construção política”.
Valentim prega devolução dos recursos dos Poderes em serviços públicos para a população e que a primeira chave para desenvolver o RN é derrotar o governo Fátima Bezerra em 2026.
A governadora Fátima Bezerra (PT) tem batido recorde de rejeição nas pesquisas de opinião pública, isso se deve a quê?
As mentiras. O recorde de desaprovação dela é que agora a ficha caiu. A população viu que Lula lá e Fátima aqui, nada aconteceu. Está tudo inerte ainda. E nada que o governo faz ele cumpre. Ele não cumpre com os sindicatos, não cumpre com o cidadão, não cumpre com as promessas, prometeram e não saiu nada até agora, são 800 quilômetros de pavimentação, até duvidosa, porque eu andei no Alto Oeste, a RN-117 não está totalmente pavimentada. E Deus sabe lá a qualidade daquele asfalto. Então, esse tipo de atitude não cabe mais na sociedade, em que hoje a informação é muito rápida. A divulgação das coisas que são prometidas e não são cumpridas é instantânea. Se prometeu o calendário de pagamento, que vai ser pago, anuncia e vai para o Instagram e redes sociais, fala isso e não cumpre, como quer ter uma aprovação? Essa época de político ficar falando e não cumprir, acho que já está quase em extinção.
O senhor não acredita que o governo Fátima ainda tem chance de reverter o quadro de desaprovação popular?
Ela tem chance de reverter a situação do Hospital Walfredo Gurgel? Não tem. Seis anos não tem. Do Hospital Tarcísio Maia que eu mandei 12 milhões de reais cinco anos e nada foi feito, está lá o lixo acumulado. A foto que mostraram do lixo acumulado é a foto do governo Fátima, o lixo acumulado dentro do governo dela. Não vejo expectativa, porque até agora, em dois anos, o governo federal não consegue aprumar uma política econômica. O Banco Central, Lula reclamou tanto do antecessor Roberto Campos Neto e colocou o Gabriel Galípolo, que foi lá aumentou a taxa de juros. Quando fui votar no Galípolo para presidir o Banco Central, perguntei a ele, vai haver interferência política na economia brasileira? Não, vai ser técnica. E ele mostrou que a decisão foi técnica. E parou ok chororô, aumentou mais um ponto e cada ponto desse que vai aumentando, de 1 em 1 a taxa Selic, vai ficando difícil a situação do nosso país.
Como senhor observou a postura da governadora do Estado que cobrou uma presença mais forte do governo federal no Nordeste?
Pela primeira vez ela falou a verdade, naquela entrevista para “O Globo”.
Eu fiquei até assustado, ela dizer as verdades de uma forma tão clara. Deve ter causado algum mal-estar. Esses apartamentos que foram entregues em Mossoró já estavam sendo realizados há muito tempo, a entrega foi agora, coincidiu. A barragem de Oiticica, quantos anos essa obra está rodando; a BR-304 não consegue entregar dois metros de obra, já foi prometida quantas vezes essa entrega, esse ano sai? Pelo que eu me lembro, mês de junho, não, passa para dezembro, isso desde 2020, que se vem comentando. Desde o governo Bolsonaro vem comentando a entrega a obra, nem entregou uma obra e já vai começar outra, a duplicação da BR-304. Então, não dá para mentir, está bom de mentira, vamos dizer a verdade para as pessoas. Pela primeira vez ela disse a verdade na vida dela e eu acho que causou alguma coisa. E o que eu sinto também, pelo menos lá em Brasília, é que o governo do Estado não tem esse privilégio todo, que foi dito durante a campanha eleitoral em 2022, quando o slogan era que com Lula no governo, o nosso estado iria se desenvolver. A não consegue ver desenvolvimento nenhum, não melhora a educação, não melhora a saúde, não melhora as estradas, não melhora nada. Nossos índices são sempre péssimos. Mas eu critico, porque faço como parlamentar e faço também na atividade que eu tenho com as emendas impositivas. Então, eu busco cumprir o meu papel, por isso que eu critico. Porque eu poderia estar sentado aqui criticando e alguém dizer assim, você faz o que para melhorar? Eu fiz cinco hospitais, um monte de escola, usina de asfalto para corrigir os problemas nos municípios e regionais.
Essa postura é porque o senhor é candidato ao governo do Estado em 2026?
Eu converso muito com o senador Rogério Marinho (PL), hoje é um amigo, converso com todos os outros parlamentares, não tenho problema nenhum com nenhum outro, mas preciso dizer que quem escolhe o político, não é o político que vai escolher, porque a democracia que a gente vive é o seguinte, junta-se os líderes partidários, um grupo, e escolhe um nome. Eu não vejo desse jeito, eu vejo que o nome tem que ser escolhido pelo povo, e o povo tem que saber avaliar quem trabalha e quem não trabalha, tem que ter esse critério, porque essa história de conversar, de promessa, de dizer que vai fazer, faz mais de 100 anos, não sou tão jurássico assim, mas tenho 47 anos e o tempo que vivo aqui no meu estado, são os mesmos problemas, são os mesmos políticos, são as mesmas conversas, são as mesmas promessas. Eu acho que o povo tem que saber, é só distinguir, se uma pessoa vai comprar gasolina, procura onde é que tem a melhor gasolina e o melhor preço; se vai comprar uma roupa, procura onde é que tem a melhor roupa, o melhor preço; se vai comprar um carro, procura qual é o melhor carro, o melhor preço, procura e pesquisa tudo. Quando chega nas eleições, não pesquisa nada, o que o político fez, no mandato dele. Porquê estou dizendo isso? Porque eu tento fazer o meu mandato da forma mais transparente possível, que as pessoas possam ter essa capacidade de avaliar e comparar, avaliar o que está sendo feito e comparar. Ninguém sabe que um senador da República e os deputados federais têm muito mais de R$ 100 milhões para gastar todo ano no estado e se juntar a bancada todinha, dá quase R$ 1 bilhão, são oito deputados e três senadores. Eu cobro quando eu vou pagar cirurgias. Eu peço a relação antecipada dos nomes das pessoas, uns dizem assim, essa prática é errada? Ligo sim, saber se a pessoa mora lá, se a pessoa está viva, se a pessoa já fez cirurgia, porque a pessoa me manda uma relação, pode ser qualquer relação, até de gente morta, pode ser relação de qualquer outra pessoa, de qualquer outro estado, qualquer outro CPF.
O senador Rogério Marinho, o ex-prefeito Álvaro Dias e o prefeito de Natal, Paulinho Freire (União), defenderam recentemente a união do grupo político para 2026, o senhor tem a mesma opinião que a oposição deve marchar unidade?
Tem que ser, e logo eu que era tão independente, tão isolado, tão arrogante, era a palavra certa que usavam para dizer de mim.
Isso cabia para o senhor?
Acho que naquele momento cabia, porque eu me achava o mais limpo, o mais puro, que não podia se misturar e hoje eu vejo que política não é para fazer sozinho. Hoje eu preciso dos prefeitos, eu preciso mais dos prefeitos do que eles precisam de mim. Para executar uma obra dentro de uma prefeitura, eu preciso que o prefeito trate bem o dinheiro, que ele mostre como está gastando para a gente conseguir fazer tudo isso que eu estou dizendo, senão, não conseguiria fazer nada. Antes, não. Antes, eu achava que todo mundo ia roubar, todo mundo ia tirar dinheiro.E isso me afastava, essa virada de chave em 2022 até agora foi justamente por isso.
Mas quem o senhor acha que deve ser o candidato a governador desse grupo da oposição?
O que tiver coragem, o que tiver inteligência, o que tiver capacidade, até mesmo essa maleabilidade política que eu ainda não tenho. Eu não sou tão maleável assim, olha que eu estou ainda em construção política. As pessoas cobram muito de mim, mas, gente, eu estou há seis anos no Senado. Eu passei minha vida toda como policial militar. Eu nunca tive, e não vou mentir, eu ainda não tenho essa habilidade política toda. Eu cheguei lá na mesa diretora do Senado, porque eu estou desenvolvendo isso. Então, eu não tenho essa capacidade toda. Agora, o que vai precisar, sim, amputar muito aqui no Estado, vai, mas não estou falando de corte, não, vai ter que ser decepado, recursos que hoje vão e a gente não vê gerência, não vê devolução para a sociedade, para os Poderes, que então consomem muito e devolvem pouco. Estou falando de todos, todos têm que fazer um sacrifício só em prol do nosso Estado, a gente não pode viver independência de Poderes, independência de servidor, independência de tudo isso, porque o Estado não é só isso, o Estado é muito mais que isso. Tem muita gente do lado de fora, que não pertence a essas classes, que precisa de serviços.
Então, o senhor prega que o próximo governador tem que enfrentar essa situação?
Era para ter enfrentado já há muito tempo, isso é um problema, isso é uma doença. Uma doença que quando não trata no início, ela vai ficando cada vez mais crônica e grave. Podia ter sido feito lá atrás, quando o problema começou. Isso não começou de um dia para o outro, não.
As pesquisas de opinião apontando em 2026 o seu nome como um dos candidatos aparecendo em vantagem, isso levaria o senhor a disputar o governo do Estado?
Levaria. Eu estou disposto, disposto a qualquer coisa para ver o meu Estado estar em primeiro lugar. Eu faço isso no Senado, faço com o mandato. Eu moro aqui, não sou daqui, sou acreano, mas vivo aqui, uso as mesmas coisas que todos vocês, ando nas vias como vocês, sofro com a violência como todo mundo sofre, porque esse estado não é seguro. Natal não é uma capital segura. Quem disse isso, me perdoe, mas não me sinto seguro. Talvez eu esteja paranoico, mas eu não consigo sair daqui da Tribuna até o estacionamento com o celular na mão. Penso se alguém vai parar com a moto e tomar meu celular ou me dar um tiro. Eu não sei se estou falando besteira ou se alguém no Rio Grande do Norte se sente seguro, porque só o que a gente vê são pequenos crimes, de várias modalidades, a gente enxerga isso. Agora, é um dado estatístico, eu não sei quem foi que fez esses números, mas deveriam fazer uma pesquisa.
Fonte: Tribuna do Norte