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O Distrito Irrigado do Baixo-Açu (DIBA), localizado na região do Vale do Açu, município do Alto do Rodrigues, é o maior projeto de irrigação do Rio Grande do Norte e agora explora um novo nicho de mercado: a produção dos citros. Com aproximadamente 200 hectares de produção de limão, o distrito entra em um novo mercado frente à dificuldade de produção de São Paulo, maior produtor brasileiro da fruta. De acordo com o presidente do distrito, Michel Cosme, a expectativa é atrair empresários do setor para o Estado potiguar na intenção de fazer negócios em uma produção que ainda é embrionária, mas que tem potencial de crescimento.
Com o sucesso do plantio desta cultura, existe a possibilidade de exportação do produto em, no mínimo, 12 meses para o continente europeu, segundo o presidente do Comitê Executivo de Fruticultura (Coex), Fábio Queiroga.
“O grande produtor de limão do Brasil é São Paulo, que hoje está padecendo com problemas sanitários. Está havendo uma migração muito forte para os estados, principalmente Bahia, mas também estamos aqui no RN, a exemplo do distrito irrigado, com produtores desenvolvendo áreas de limão e as primeiras áreas estão apresentando condições semelhantes àquelas exigidas pelo mercado europeu e que logo essas primeiras áreas saiam, nós teremos condições de vender essa fruta na Europa. Certamente vamos fechar grandes contratos que vão proporcionar desenvolvimento”, detalha.
Ainda segundo o presidente do Coex, o RN é o maior produtor de melão, que “já quebrou todas as barreiras”.
Portanto, seria a hora de expandir a produção para novas culturas.
“O limão está na fase embrionária. Estamos nos primeiros campos de produção. O mercado europeu, em especial, é um mercado muito exigente para determinadas características fisiológicas e fenológicas do limão. Então, havia necessidade de ter esses primeiros campos para a gente testar, validar, a qualidade da fruta e nós estamos observando neste primeiro momento é que atende as especificações”, complementa.
A região, de acordo com o presidente do distrito, conta com aproximadamente 800 hectares de banana, sua principal cultura; 200 ha de limão; 180 ha de coco; 200 ha de manga e 100 ha de mamão. A proximidade com os Estados Unidos e a Europa acentuam o potencial de exportação de frutas pelo RN, aponta Queiroga. Portanto, a produção de citros pelo DIBA pode colocar o distrito no mapa desta exportação.
“Nós temos muito mais competitividade de exportação do que eles [demais estados brasileiros], pela proximidade logística com o porto. Hoje exportamos melão, melancia, abóbora, pitaya, manga, já teve abacaxi e logo terá o limão”, disse ele.
No entanto, ainda é necessário estabelecer algumas prioridades, segundo Michel Cosme. Uma delas é licitar áreas que faltam e buscar mais investimentos para as culturas que ainda não são consolidadas, assim como a abertura de novas áreas.
“Nossa prioridade, contamos com o Governo do Estado, é de licitar as áreas que estão faltando. Aqui a gente quer trazer mais investimento para a região. Banana, mamão estão mais ou menos consolidados e a gente precisa se dedicar à abertura de novas áreas”, aponta o presidente do DIBA.
De acordo com o secretário de agricultura do Estado, Guilherme Saldanha, a licitação pode sair já nos próximos meses, mas não deu um prazo específico para que aconteça. Ademais, o lucro com a produção de limão já é uma realidade. Outra janela que se abriu frente às dificuldades de São Paulo com a produção da fruticultura, é que o DIBA está disponibilizando áreas para que essas pessoas façam negócios no RN.
“Nós temos mais ou menos 200 hectares de citros trazendo muito dinheiro já que o pessoal de São Paulo está com muito problema com doenças. Então, esse pessoal está migrando para outras áreas e a gente está disponibilizando a área da região do DIBA para essas empresas virem, montarem seus projetos de citros, banana, mamão”, disse.
A discussão aconteceu no Frut & Tec, evento que debate potenciais e gargalos da fruticultura no RN, além de resgatar o histórico destes eventos na região do Vale.Na manhã desta quarta-feira (02), a fruticultura potiguar foi destaque. O evento, que é realizado na quadra poliesportiva do Diba, reuniu produtores e interessados na atividade frutícola na região do Vale do Açu. Ainda segundo Cosme, a intenção é promover conhecimento a produtores, agricultores, pesquisadores e empresários do ramo.
“O que nós queremos aqui é conhecimento. Desenvolver no produtor o conhecimento que ele precisa para a cultura dele”, disse.
O evento continua até a sexta-feira (04) e a programação contempla ainda debates e exposição de produtos agropecuários, bem como a participação de empresas que comercializam insumos, tecnologias, máquinas e implementos, além de certificadoras.
Estudo sobre taxa da água bruta será entregue ao Estado
O Distrito Irrigado do Baixo-Açu ainda enfrenta dificuldades, como a cobrança da água bruta que, de acordo com o presidente do DIBA, Michel Cosme, representa um custo maior, frente à diminuição de investimento.
“Um maior custo significa menos investimento e menos investimento significa menos emprego. Não queremos pagar. Isso é imposto. Por mais que deem outro nome, isso é imposto”, comentou Cosme.
Junto à Federação da Agricultura e Pecuária do RN (Faern), está sendo elaborado um estudo a ser apresentado ao Governo do Estado para discutir a taxação.
“Juntos com o presidente da Faern, José Vieira, temos nos reunido periodicamente. O setor aqui do DIBA, junto com todo o agro, vai passar uma proposta de cobrança para entendimento como Governo do Estado”, completa.
O veto da governadora Fátima Bezerra (PT) ao projeto de lei complementar (007/2023), que prevê desobrigar produtores de compensar a supressão de vegetação natural, também foi uma questão levantada. Isso porque interlocutores do setor avaliam que o veto vai “inviabilizar o desenvolvimento da agricultura do RN”.
Para Saldanha, secretário de agricultura, a obrigação de compensar a supressão vegetal não é um fator com força de inviabilizar o setor.
“Isso não inviabiliza de forma alguma. Quem falou isso, falou de desconhecimento ou de má fé. Em hipótese alguma isso inviabiliza”, disse. De acordo com ele, o Código Florestal - uma lei federal - exige que seja feita compensação dentro dos perímetros irrigados, o que se sobrepõe à legislação estadual.
“A gente está tentando avançar, fazer algo que realmente descomplique a vida do agricultor. Infelizmente, existe o conflito com a lei federal e entende-se que é preciso preservar a legislação federal”, completa.
Fonte: Tribuna do Norte