Por muito tempo o Açude Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves foi o maior reservatório construído pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), só saiu desse posto por conta da barragem Castanhão, elevada em solo cearense. A construção do açude e os incentivos governamentais, especialmente nas décadas de 1970 e 1980 favoreceram a implantação de um novo modelo de agricultura voltada para uma produção em larga escala e para o mercado externo, que foi introduzido na região, o que o provocou vários impactos em diversas esferas, especialmente em níveis econômicos, sociais e ambientais. O Açude Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves contribui para o abastecimento humano de cerca 500 mil pessoas.
Construída pelo DNOCS, no ano de 1980, e inaugurada em 20 de maio de 1983, a barragem está localizada na bacia hidrográfica do rio Piranhas-Açu e abrange os municípios de Itajá, São Rafael e Jucurutu. O objetivo principal da construção era o suprimento de água para o Projeto de Irrigação do Baixo Açu, para impulsionamento e desenvolvimento agrícola e econômico da região. São 2 bilhões e 400 milhões de metros cúbicos de água inundando uma bacia hidráulica com uma área de 195 km quadrados. O que permite um volume regularizado de 389 milhões de metros cúbicos, números tão expressivos quanto o da bacia tributária, ou seja, o conjunto de todos os reservatórios que participam dessa importante bacia hidrográfica no Rio Grande do Norte.
Segundo estudos publicados no II Encontro Internacional da Diversidade do Semiárido, além do suprimento de água para a produção agrícola, a construção do reservatório também promoveu o abastecimento de inúmeros municípios da região do Vale do Açu e foi responsável por perenizar o rio Piranhas-Açu. A construção do açude e a chegada das empresas fruticultoras também modificaram a dinâmica social existente no Vale do Açu. O modo de vida dos pequenos produtores locais foi influenciado pela nova barragem, fazendo com que diminuísse a migração e que os agricultores permanecessem em suas terras, buscando maneiras de se adaptar a estas mudanças.
No final da década de 60 e início da década de 70, o Estado instituiu planos e projetos para o fomento da aplicação de recursos no semiárido nordestino, como o II Plano Nacional de Desenvolvimento, também chamado II PND, o Grupo Executivo de Irrigação para o Desenvolvimento Agrícola (GEIDA) e o Programa Plurianual de Irrigação (PPI). O PPI incluiu 36 Projetos do DNOCS localizados no polígono das secas, e incluiu a construção da Barragem Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves.
Ao todo, são 39 açudes públicos construídos pelo Departamento de Obras Contra as Secas (DNOCS) no Rio Grande do Norte, e ainda um grande número de açudes construídos em cooperação. Juntos, eles formam essa reserva hídrica que transformou e continua transformando a vida de quem mora na região.
De acordo o engenheiro do DNOCS/RN, João Guilherme de Souza Neto, que participou da construção da barragem, o Açude Armando Ribeiro Gonçalves, abastece várias cidades no Rio Grande do Norte, dentre elas estão Rafael, Jucurutu, Assú, Ipanguaçu, Itajá, Pendências, Alto Rodrigues e parte de Mossoró. Ainda segundo o engenheiro, no período de chuvas, o reservatório recebe água do sistema denominado Piranhas/Açu, que contribui para o abastecimento do mesmo.
Assim como todos as barragens construídas na região nordeste, o Açude Armando Ribeiro Gonçalves possui múltiplos usos, o principal deles é o abastecimento humano, mas também é extremamente importante para a agricultura, piscicultura, pecuária, e não seria exagero dizer que o açude é a grande mola propulsora da economia dos municípios que compõe o Vale do Açu.
SAIBA MAIS SOBRE A BACIA HIDROGRÁFICA PIANCÓ-PIRANHAS-AÇU
Conforme a Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (AESA), a Bacia Hidrográfica Piancó-Piranhas-Açu está totalmente inserida no clima semiárido nordestino e possui uma área total de drenagem de 43.681,50 Km2, sendo 26.183,00 Km2, correspondendo a 60% da área no Estado da Paraíba, e 17.498,50 Km2, correspondendo a 40% da área no Estado do Rio Grande do Norte. A bacia contempla 147 municípios, sendo 45 municípios no Estado do Rio Grande do Norte e 102 municípios no Estado da Paraíba e conta com uma população total de 1.363.802 habitantes, sendo que 914.343 habitantes (67%) no Estado da Paraíba e 449.459 habitantes (33%) no Estado do Rio Grande do Norte.
O principal rio da bacia é o rio Piancó-Piranhas-Açu, de domínio federal, uma vez que nasce no município de Bonito de Santa Fé, na Paraíba, e segue seu curso natural pelo estado do Rio Grande do Norte, desaguando no Oceano Atlântico, na Costa Potiguar. (Fonte: http://www.aesa.pb.gov.br/aesa-website/).
Trata-se de uma importante bacia para os Estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba, pois é nela que estão localizados a barragem Armando Ribeiro Gonçalves e o sistema de reservatórios Curema-Mãe D’Água, considerados estratégicos para o desenvolvimento socioeconômico destes Estados.
Fonte: Dnocs - Serviço de Comunicação Social
