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A oito pontos do 16º colocado (Avaí), o vigésimo colocado ABC tem o pior ataque e a pior defesa da competição (ao lado de Londrina e Atlético-GO). Porém, além das chances matemáticas ainda permitirem a briga contra o rebaixamento, a história recorre a favor do alvinegro. Nos últimos 10 anos, apenas um clube na lanterna da Segundona, até a 22ª rodada, conseguiu evitar o rebaixamento: o próprio ABC, em 2013. Treinador do time na época, Roberto Fernandes falou sobre aquela campanha.
De 2013 a 2022, Naútico, Confiança, Oeste, São Bento, Boa Esporte, Sampaio Corrêa, Mogi Mirim, Vila Nova e próprio ABC (2 vezes) estiveram nesta situação na mesma rodada. Anunciado como o então novo comandante há exatamente 11 anos, Roberto Fernandes relembrou os ingredientes que fizeram do alvinegro o único time desta lista a evitar a queda. Ele relatou que, ao chegar no clube, enxergou a necessidade de reviver o inconformismo pelas derrotas dentro do elenco, que parecia ter as aceitado. Além disso, ele também pediu reforços pontuais e buscou jogadores com o perfil de liderança para o elenco, que precisava fortalecer o aspecto mental.
“Na ocasião, conversei com o presidente e pedi contratações pontuais para ter o entusiasmo e reascender naqueles que ainda tem lenha para queimar. O foco já não era o necessário nos treinamentos, tendo em vista a competição (Série B)”, afirmou.
Conforme a “carta branca” dada pelo presidente, Fernandes pediu e teve as contratações de Giovani Augusto, Daniel Paulista, Júnior Timbó e Gilson. Ele ressaltou que as peças trazidas tinham as características necessárias para o time encaixar.
Diante das mudanças e a dispensa de jogadores que não poderiam mais render ao alvinegro, veio mais um ingrediente apontado como fundamental por Fernandes: a sinergia. O treinador lembrou que o time se tornou competitivo novamente e encaixou um modelo de jogo propositivo, para extrair o melhor dos jogadores. Com Fernandes, o ABC teve 12 vitórias, três empates e 10 derrotas. A equipe chegou a encaixar vitórias em sequência contra Chapecoense, Boa Esporte, Atlético-GO, Joinville e Palmeiras. O último, incluse, proporcionou o jogo mais marcante daquela campanha para o treinador. Nessa partida, o ABC venceu de virada por 3 a 2 em um Frasqueirão lotado.
“Se uma formiga quissesse entrar no Frasqueirão naquele dia, não teria lugar. O Palmeiras tinha toda a sua força e tradição, mas em nenhum momento nos preocupamos com isso. Com a força da Frasqueira, o ABC foi para dentro. Poucos times são favoritos diante do ABC ali, quando a coisa engrena”, afirmou.
Apesar do tempo, a amizade entre Roberto e nomes daquele elenco permanece. Ex-atletas como Lino, Daniel Paulista e Gilmar continuam a ter contato com o treinador.
“Foi um trabalho que marcou muito na ocasião na gestão do ABC. Isso mostra que foi uma coisa fantástica aquilo que foi realizado em 2013”, disse.
Para o treinador, o presente pode repetir o passado. A atual situação do clube em 2023 ainda pode ser revertida. Mas para repetir a façanha de 2013, é necessário vencer, e vencer em casa.
“O ABC tem vencido poucos jogos em casa, e perdido para adversários diretos. Aí não tem milagre. Agora, mais do que nunca, só a vitória interessa”, disse. Além disso, o técnico lembrou o critério de desempate dentro da competição, que é o número de vitórias. Para se colocar a frente do adversário na tabela, três pontos conquistados em uma vitória podem ser mais valiosos que alcançar três pontos em três empates.
Na avaliação de Fernandes, atletas com espírito de liderança são fundamentais para reanimar o elenco e chamar a responsabilidade. No elenco de 2013, ele buscou jogadores para exercer esse papel. O goleiro Wilson e Daniel Paulista fizeram esse papel “eu sabia que esses atletas tinham muito que agregar ao elenco fora da sua questão técnica. Isso é sobre puxar fila nos treinamentos”, afirmou.
Com um largo histórico nos dois principais clubes do RN, o treinador afirmou que voltaria a trabalhar no futebol potiguar no futuro.
“Se houver uma oportunidade boa, eu com certeza voltaria. Tenho o título de cidadão natalense e tenho muitos amigos na cidade. Eu tenho muita coisa a agregar no futebol potiguar ainda”.
Atualmente, o treinador aguarda propostas de clubes da Série B, mas também aceitaria propostas de times de expressão da Série C.
Fonte: Tribuna do Norte