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Morreu Chico Lucas o sábio da natureza

De inteligência apurada, além de ser muito querido na região do Vale do Açu, Chico Lucas era tido como o filósofo da natureza e mestre da cultura popular

Publicada em 24/01/24 às 06:58h - 149 visualizações

Gustavo Varela


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Morreu Chico Lucas o sábio da natureza
Do livro “Francisco Lucas da Silva – Um Sábio na Natureza”  (Foto: Reprodução)

Francisco Lucas da Silva, mais conhecido como Chico Lucas, morreu nesta terça (23), aos 81 anos. De inteligência apurada, além de ser muito querido na região do Vale do Açu, Chico Lucas era tido como o filósofo da natureza e mestre da cultura popular. 

Chico Lucas nasceu na comunidade de Areia Branca – Piató, no município de Assú, interior do Rio Grande do Norte. A inteligência do pescador chamou a atenção de pesquisadores do Grupo de Estudos da Complexidade (Grecom), da Universidade Federal do RN (UFRN), ainda na década de 1970. O grupo lançou dois livros sobre ele: “A Natureza me disse” e “Francisco Lucas da Silva – Um Sábio na Natureza”. 

Além de pescador, Chico Lucas também foi carpinteiro, quando aprendeu a construir canoas, prensa de queijo e ex-votos e, conforme a necessidade, fazia aas vezes de arquiteto, engenheiro, pedreiro, eletricista, encanador, costureiro, antropólogo e biólogo, além de fazer previsões de chuva e seca, o que aprendeu com o pai, que era agricultor. Ele também entendia de remédios naturais, o que aprendeu com a mãe, e fazia parto de animais. 

Em um trecho do livro “Francisco Lucas da Silva – Um Sábio na Natureza”, o pescador fala sobre a sede de conhecimento que sentia ainda na infância e as dificuldades da família para conseguir se manter: 

Quando eu era criança, fiquei muito frustrado porque tinha uma curiosidade grande para aprender, mas a gente precisou trabalhar para sobreviver e freqüentei a escola pouco tempo. No inverno, a gente trabalhava no roçado e, no verão, a gente ia ganhar dinheiro para sobreviver. Meu pai, vendo que eu tinha muita vontade de aprender, comprou uma cartilha de ABC e ensinou o alfabeto. Com ele é que me viro até hoje. Foi a escola que eu tive. As contas também aprendi com meu pai. Ele tinha um pequeno comércio e fazia contas. Eu aprendi as contas que ele fazia. Ele era bom de matemática”. 

Minha exigência era tanta comigo mesmo para conhecer o alfabeto e para aprender a ler algo que eu pegava um caderno de contas do trabalho do meu pai e ia anotar os preços da mercadoria. Meu pai tinha uma bodega que vendia mercadoria, fornecimento para os trabalhadores. Eu já sabia anotar, mas não sabia o nome de quem. O meu pai sabia fazer conta. Mil réis é com três zeros, por exemplo. Então quando era dez mil réis eram quatro zeros, e assim sucessivamente. Meu pai trouxe para mim a carta de ABC e a tabuada, que são os dois livros fundamentais para as crianças de hoje, mas as escolas não admitem mais. Eu tenho visto meninos no 5º ano que não conhecem o alfabeto. E aí vem a minha ansiedade de aprender, de conhecer o alfabeto. Dentro de uma semana eu li a carta de ABC todinha. O be-a-bá, o be-é-bé e o be-i-bí. Aprendi a assinar o nome rapidamente. A força de aprender era tanta que meu pai até chorou. Ele não tinha um poder aquisitivo para me colocar na escola e mesmo assim eu aprendi”, conta Chico Lucas, em outro trecho do grupo de pesquisa da UFRN. 

Morador da Lagoa do Piató, em Assú, Chico Lucas teve 13 filhos e construiu a casa onde morava com a família. Observando a natureza, ele também fazia observação sobre mudanças geológicas e a botânica da região: 

Após o achado desses fósseis de aruá e da pedra que se calcificou dentro de um tronco oco de um pau, eu não tenho nenhuma dúvida que aqui já foi mar. Por quê? Em 1972 eu tive conhecimento do trabalho feito para a construção da barragem Armando Ribeiro Gonçalves. Foi feito um serviço de topografia aqui na bacia da Lagoa Piató e eu conheci aonde ia ficar a barragem; a ponte; o anivelamento da ponte ao nível do mar; o outro da embocadura da lagoa com o mar; e o anivelamento da lagoa. E o resultado foi que a lagoa está anivelada com o mar”, traz um trecho do livro”, explicou Chico Lucas aos pesquisadores durante uma das visitas. 

De acordo com a Secretaria Municipal de Assú, Chico Lucas já vinha doente com diferentes problemas de saúde. 

A Secretaria de Cultura de Assu publicou uma nota de pesar: 

A Secretaria Municipal de Cultura e seus colaboradores, em profundo pesar, lamentam e se solidarizam com familiares e amigos de Seu Chico Lucas, pelo seu falecimento ocorrido hoje, 23 de janeiro de 2024. 

Muito conhecido e querido na região do Vale do Açu, Sr. Chico Lucas, o filósofo da natureza e mestre da nossa cultura popular, como ficou conhecido, era liderança da Comunidade de Areia Branca Piató, com enorme carisma e firmeza, sempre lutou e esteve junto nas conquistas de sua Comunidade. 

Sua partida deixa enorme legado de luta, acolhimento, perseverança, fé, amizades e, principalmente, vazio no coração de todos com os quais conviveu. 

Nós, Secretaria de Cultura, expressamos nossas condolências aos familiares e amigos nesse momento de perda e dor. 

Que Deus possa confortar o coração de todos! 

Fonte: Saiba Mais 




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